2004 19 de maio

Brasil chefia missão de paz no Haiti

Tropas da ONU tentam conter violência após deposição do presidente Aristide

O Congresso Nacional sanciona o Decreto Legislativo nº 207/2004, que autoriza o envio de 1.200 militares brasileiros para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). O país passa, assim, a exercer o comando militar e a coordenar as ações das forças de paz, que contam inicialmente com 5 mil militares e policiais de 20 países diferentes.

A crise no Haiti fora provocada pela deposição e exílio do presidente Jean-Bertrand Aristide, o que desencadeara uma guerra entre grupos rivais, com violência generalizada. Nesse cenário, o Brasil assumiria papel de destaque na pacificação do país e na garantia de condições básicas de salubridade e direitos — a Minustah deu especial atenção ao custeio de programas de rápido impacto social e de redução da violência, como a construção de escolas, o reparo de estradas e o fornecimento de iluminação.

Durante a atuação da Minustah, aconteceria o grande terremoto (7 graus na escala Richter) de 12 de janeiro de 2010, que mataria cerca de 230 mil pessoas, reduziria a escombros a maioria das edificações e destruiria o sistema de água e esgoto.

Entre os brasileiros mortos pelo tremor, estariam 18 integrantes brasileiros da missão no Haiti, incluindo Luiz Carlos da Costa, vice-representante do secretário-geral da ONU no país, então coordenando as atribuições civis da Minustah. Zilda Arns, médica sanitarista brasileira, com ações no combate à desnutrição e à mortalidade infantil, também estaria no Haiti — implantando ali a Pastoral da Criança — e morreria no terremoto.

A inédita posição de comando do Brasil em missões de paz se repetiria em 2011, quando o Brasil assumiria o comando da missão no Líbano. Em 2015, o Brasil estaria presente em nove das 17 missões de paz ao redor do mundo: além de Haiti e Líbano, o Brasil atuaria no Congo, Chipre, Saara Ocidental, Sudão, Sudão do Sul, Libéria e Costa do Marfim.

Em abril de 2017, O Conselho de Segurança das Nações Unidas resolveria pela extinção da Minustah, após 13 anos de existência.