1991 31 de janeiro

Collor engatilha sua 'segunda bala'

Fracassado o primeiro plano, governo faz nova aposta contra a hiperinflação

Dez meses depois do choque do Plano Collor 1, que bloqueou os depósitos bancários e desorganizou a economia brasileira, o governo lança o Plano Collor 2, recebido com desconfiança pela população.  O primeiro pacote, ao gerar uma brutal falta de liquidez na economia, provocou um quadro de recessão aguda, fez o desemprego saltar de 4,6% para 7,2%, além de não ter conseguido controlar a inflação. Nessa segunda tentativa, preços e salários são novamente congelados, mas combustíveis e tarifas públicas sofrem aumento significativo. É a “segunda bala” do presidente Fernando Collor, que pouco antes de tomar posse dissera ter apenas “uma bala” para combater a inflação.

Rendimentos da caderneta de poupança, financiamentos, empréstimos e contratos a prazo passavam a ser regidos pela Taxa Referencial (TR), um índice pré-fixado que, esperava-se, não traria consigo a inflação antiga. Voltava também a tablita, tabela criada no Plano Cruzado que deflacionava as prestações de financiamentos contraídos pelos consumidores, em atitude defensiva contra a inflação prevista para o mês seguinte.

O Plano Collor 2 acabou com o overnight, fundo de investimento de curtíssimo prazo, no qual as empresas e a parcela da população com acesso aos bancos depositavam seus recursos, obtendo correção monetária diária.

Essas e outras medidas derrubariam a inflação, mas por pouco tempo. Ela voltaria a subir alguns meses depois. Em maio, Zélia Cardoso de Mello seria substituída no Ministério da Economia por Marcílio Marques Moreira, então embaixador nos Estados Unidos. O novo ministro adotaria medidas ortodoxas e gradualistas, mas a gestão econômica do governo já havia perdido a confiança da população e o apoio de boa parte do empresariado.