1945 19 de agosto

Começa a guerra na Indochina

Viet Minh ocupa Hanói e proclama República; De Gaulle acena com divisão

O Exército Popular do Vietnã (EPV), o Viet Minh, liderado por Ho Chi Minh, ocupa Hanói e proclama a República Democrática do Vietnã. É o início da Guerra da Indochina, na qual a França tentará em vão derrotar os nacionalistas e comunistas indochineses que lutam pela independência do país.

O general Charles de Gaulle, presidente da França, anunciaria, então, o emprego das forças armadas francesas para restaurar o controle do seu país sobre a Indochina. Pagaria um preço alto por isso. Em menos de um ano, a França sofreria 600 baixas no confronto, sem reduzir o poder militar do inimigo. Os estrategistas vietnamitas — os generais Giap, ao norte, e Nguyen Binh, ao sul — sustentariam uma forma de guerra irregular para a qual os franceses não estavam preparados: a guerrilha, com forte apoio popular, altamente motivada pelo objetivo da unidade nacional e soberania territorial.

No ano seguinte, De Gaulle tentaria enfraquecer a luta pela independência da Indochina com um artifício: um novo país, no âmbito da União Francesa, com o nome de Estados Associados do Vietnã, do Camboja e do Laos. Seu governo seria entregue ao antigo imperador Bao Dai. A partir daí, na prática, o Vietnã ficaria bipartido: a República Democrática do Vietnã, sob o comando de Ho Chi Minh, e os Estados Associados do Vietnã, do Camboja e do Laos, governados por Bao Dai.

No cenário da Guerra Fria, em que conflitos locais geralmente se transformavam em terreno de disputa entre EUA e URSS, a Indochina se converteria em palco de enfrentamentos diplomáticos, políticos e militares. A China, a URSS e os países do Leste Europeu reconheceriam o governo de Ho Chi Min; a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos, o de Bao Dai.

Em 21 de janeiro de 1950, Ho Chi Minh decretaria a mobilização geral. Em março de 1954, três poderosas ofensivas comandadas por Giap no centro do Vietnã, reforçadas pelo apoio logístico de trabalhadores civis da região, mudariam o rumo da guerra.

Em 7 de maio, a espetacular vitória de Giap na batalha de Dien Bien Phu — lugarejo encravado num planalto próximo da fronteira com a China e o Laos — derrotaria os franceses e marcaria o fim do conflito. Dien Bien Phu anunciaria então o ocaso do império colonial francês e se tornaria o símbolo de uma esperança: o fim da colonização dos povos da Ásia pelos países europeus.

Em 21 de julho de 1954, os acordos de Genebra sancionaram o fim da guerra da Indochina, com o cessar-fogo em todo o território e a divisão do país em duas zonas, acima e abaixo do paralelo 17. A divisão era entendida como provisória: em julho de 1956, o país deveria ser reunificado por meio de eleições gerais livres, com voto secreto.

Mas essa não seria uma paz durável. A guerra da Indochina deixou marcas profundas no exército francês: deu início a uma doutrina de guerra contrarrevolucionária, que incluiu a tortura como procedimento de interrogatório militar e seria posta em prática na Argélia. Também precipitou o engajamento militar dos Estados Unidos na península indochinesa. E as feridas da guerra continuariam malcicatrizadas nos dois Vietnãs.