1955 15 de janeiro

Inaugurada a usina de Paulo Afonso

Hidroelétrica idealizada por Delmiro Gouveia leva 32 anos para sair do papel

“Delmiro deu a ideia, Apolônio aproveitou; Getúlio fez o decreto, e Dutra realizou; o presidente Café a usina inaugurou; e, graças a esse feito de homens que têm valor, meu Paulo Afonso foi sonho que já se concretizou”.

Com esses versos, escritos por seu parceiro José Dantas, Luiz Gonzaga canta a história da Hidroelétrica de Paulo Afonso, construída na divisa entre Alagoas e Bahia.

A inauguração da usina pelo presidente Café Filho, em 15 de janeiro de 1955, ocorreu 32 anos depois da construção da usina de Angiquinho, por iniciativa do empresário Delmiro Gouveia. Angiquinho, com capacidade geradora de 1.100 quilowatts, foi a primeira hidroelétrica do Nordeste, erguida no distrito alagoano de Pedra (hoje o município Delmiro Gouveia), margem alagoana da cachoeira de Paulo Afonso.

Inspirado no empresário, o ministro da Agricultura Apolônio Sales assumira, em 1943, o projeto de uma usina de grande porte no rio São Francisco. Teve de vencer uma acirrada disputa com empresários paulistas contrários à obra, mas finalmente o decreto de criação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), responsável por Paulo Afonso, foi assinado em 3 de outubro de 1945 pelo presidente Vargas, dias antes de ser deposto. Getúlio defendia a intervenção direta do Estado no setor energético, estratégico para a industrialização do país.

Os trabalhos de construção da barragem “Delmiro Gouveia” e de mais três casas de força — Paulo Afonso 2, 3 e 4 — foram iniciados em 1949, durante o governo de Eurico Dutra, no município de Glória. Em seu segundo mandato, Getúlio assumiu o Plano Nacional de Eletrificação e deu continuidade à obra que só seria inaugurada por seu vice, Café Filho, após a sua morte.

Em 1955, Paulo Afonso já fornecia energia elétrica para o Recife. No ano seguinte, Salvador também receberia a energia gerada na cachoeira de Paulo Afonso.

Com a expansão das atividades da usina, os estados de Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará logo seriam beneficiados. O distrito de Paulo Afonso, local da usina, seria elevado a município em 1958, separando-se de Glória.