1992 29 de dezembro

É criada a República do Pão de Queijo

Itamar toma posse e chama partidos para um governo de união nacional

Itamar Franco assume definitivamente a Presidência da República, numa solenidade simples e discreta, como convinha ao momento. Além da turbulência política provocada pelas denúncias que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, o país enfrentava uma inflação que chegava aos 1.100% no final daquele ano e alcançaria 1.708% no ano seguinte. Itamar conclama os partidos com representação no Congresso Nacional a participarem de um governo de união nacional e transição até a eleição de 1994.   

O PT decidiu não participar, o que levou a deputada federal Luiza Erundina a licenciar-se da legenda para assumir o Ministério da Administração. Um dos ministros mais influentes do novo governo era Fernando Henrique Cardoso, que inicialmente foi para o Ministério das Relações Exteriores e transferido para a pasta da Fazenda em maio de 1993. Pelo grande número de mineiros empossados na administração pública e pelo estilo do presidente, o governo Itamar Franco passou a ser chamado de República do Pão de Queijo.

Na gestão Itamar, seriam realizados, em 1993, a revisão constitucional prevista pela Constituição de 1988 e o plebiscito sobre o sistema de governo, que reafirmou o Brasil como república presidencialista. Itamar criou uma comissão de combate à corrupção e desenvolveu ações sociais de combate à miséria em parceria com o sociólogo Betinho, idealizador da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria e pela Vida. Fez gestões junto à indústria automobilística para relançar o Fusca como carro popular.

Sua principal realização foi o lançamento do Plano Real, em fevereiro de 1994, concebido pela equipe do Ministério da Fazenda em que se destacavam os economistas Edmar Bacha, Persio Arida e André Lara Resende. O titular da pasta, Fernando Henrique, deixaria o ministério em abril do mesmo para, com o apoio de Itamar, disputar a Presidência da República pelo PSDB contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ex-ministro elegeu-se no primeiro turno. Os dois romperiam pouco tempo depois.

Itamar tentou disputar novamente a Presidência da República em 1998, mas não obteve legenda no seu partido, o PMDB. Concorreu então a governador de Minas Gerais. Nesse posto, decretou a moratória da dívida do Estado – o que ampliou seus conflitos com o segundo governo de Fernando Henrique –, fortaleceu a combalida Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e insurgiu-se contra a privatização de Furnas. Em 2002, apoiou Aécio Neves (PSDB) para governador e Lula para presidente. Morreu em 21 de maio de 2011.