1983 25 de janeiro

FMI ordena mais arrocho salarial

Fundo exige e governo achata os salários abaixo do índice de inflação

O general presidente João Baptista Figueiredo assina decreto alterando a política salarial, conforme determinação do Fundo Monetário Internacional (FMI) no acordo firmado em dezembro de 1982. O decreto acaba com o pagamento de reajuste adicional de 10% sobre a inflação semestral para os que recebem até três salários mínimos. A faixa de 3 a 7 mínimos receberia 95% da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC); a de 7 a 15 salários, 80%; e a de 15 a 20, apenas 50%.

A estratégia do arrocho salarial havia sido empregada pela primeira vez em 1964, com o objetivo de “estabilizar a economia” durante o governo do general presidente Castelo Branco. A medida seria parcialmente anulada pela greve dos operários de Contagem (MG), em 1968, que obrigou o general presidente Costa e Silva a fazer um reajuste nacional de 10% sobre os salários.

Em 1983, a crise econômica era muito mais grave do que em 1964, com a inflação na casa dos 100% anuais. Só no mês de janeiro, a taxa foi de 10,6%. Havia proibição de importações, controle de preços, limitação ao crédito e uma forte recessão.

Em julho, o governo aprofundaria o arrocho salarial com um novo decreto, limitando todos os reajustes a 80% do INPC. Dessa vez, entretanto, a ditadura iria enfrentar um movimento sindical reorganizado e a oposição da maioria da Câmara.