Tio Sam Invade o Brasil
Desde 1933, quando os nazistas chegaram ao poder, a influência da Alemanha na América Latina vinha crescendo. Alguns países, como o Brasil, abrigavam núcleos de colonização germânica. Outros, como a Argentina — além do próprio Brasil —, haviam assinado com a Alemanha acordos de cooperação que previam o fornecimento de matérias-primas e o recebimento de treinamento militar e material bélico.
O governo dos Estados Unidos, preocupado com essa situação, resolveu contra-atacar mesmo antes de declarar guerra à Alemanha: lançou, em toda a América Latina, uma maciça ofensiva nas áreas econômica, política e cultural. E o Brasil, por sua importância estratégica e riquezas naturais, tornou-se um dos alvos principais do presidente Franklin Roosevelt.
Os objetivos não poderiam ser mais claros: promover a cooperação interamericana, enfrentar o Eixo, consolidar os Estados Unidos como grande potência e conquistar a simpatia dos latino-americanos para o chamado “american way of life”. Era a chamada “política da boa vizinhança”.
Como parte dessa política, vários artistas norte-americanos desembarcaram no Brasil no início da década de 1940, trazidos pelo Escritório do Coordenador para Assuntos Interamericanos (OCIAA) e sob o patrocínio do governo dos Estados Unidos. Entre eles, estavam os cineastas Walt Disney, John Ford e Orson Welles, os atores Tyrone Power, Douglas Fairbanks Jr. e Lana Turner, a fotógrafa Genevieve Naylor e o artista plástico Jo Davidson. Atendendo à convocação de seu governo, eles atuaram como verdadeiros embaixadores da diplomacia cultural.
Em contrapartida, para divulgar o Brasil nos Estados Unidos foi escolhida a cantora Cármen Miranda — além, é claro, do papagaio Zé Carioca, criado por Walt Disney.