1932 2 de outubro

Paulistas se rendem: termina a guerra civil

Conflito deixa centenas de mortos e feridos; paz já era negociada havia três dias

O coronel Herculano de Carvalho, comandante da Força Pública paulista, reconhecendo que a situação era insustentável, acerta um acordo de paz. Diante disso, o governo estadual envia um comunicado aos paulistas, admitindo a derrota militar.

Dizia o comunicado, assinado por Pedro de Toledo e todos os seus secretários: “Fica encerrada, nesta faixa do território brasileiro, a campanha militar pela restauração do regime legal. Mas o anseio não se sopitará. Comprimida, a campanha há de expandir-se, certamente, por não ser possível que um povo, como o nosso, persista em viver sob um regime de arbítrio. Deu São Paulo tudo que podia dar ao Brasil. Tudo se empenhou em prol de sua reorganização político-administrativa. E disso não se arrependerá”.

Três dias antes, no dia 29 de setembro, à uma hora da madrugada, o general Bertoldo Klinger, chefe do exército constitucionalista, enviara um telegrama ao chefe do Governo Provisório propondo a imediata suspensão das hostilidades, para “não causar à Nação mais sacrifícios de vidas, nem mais danos materiais”. Na mesma correspondência, pedira que se estabelecesse uma negociação dos termos do fim da luta armada.

Apesar do telegrama do comandante militar dos paulistas, das evidências da derrota dos rebelados e do grande número de mortos, as rádios e jornais de São Paulo continuaram transmitindo notícias otimistas sobre os combates. A capa do “Diario Nacional”, órgão oficial do Partido Democrático, estampava a manchete: “O Exército Constitucionalista continua a opor invencível resistência às investidas dos ditatoriais”. No fim da página, um alerta: “Enquanto os bravos se batem, é crime imperdoável dar ouvidos aos boateiros e alarmistas, a serviço da ditadura. A nossa fé em São Paulo deve ser inabalável: a vitória é de São Paulo é certa!”.

Depois de 87 dias de duros combates, centenas de mortes (o número oficial é de 934, mas estimativas não oficiais contam mais de 2.200), milhares de feridos, muito sofrimento e perdas materiais, estava encerrada a luta entre os paulistas e os demais estados do Brasil, que se mantiveram ao lado do Governo Provisório.