1992 17 de janeiro

Magri é afastado da pasta do Trabalho

Collor demite sindicalista; ex-ministro teria recebido propina no cargo

O presidente Fernando Collor afasta o ministro do Trabalho e da Previdência, Antonio Rogério Magri. Sindicalista de trajetória pelega, ele foi o primeiro operário a ocupar um ministério na história da República. A demissão se deu na esteira de diversos casos de corrupção que atingiam o governo. Um mês depois da sua saída, viria à tona a denúncia de que Magri, no exercício do cargo público, teria recebido propina de US$ 30 mil para liberar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para uma obra do governo do Acre.

Apesar das negativas, havia a gravação de um telefonema em que o ministro tentava convencer um gestor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a cobrar propinas de empresas com dívidas com a Previdência. No telefonema, Magri dá ao servidor, como exemplo, os US$ 30 mil que teria recebido para facilitar a obra no Acre. O Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para apurar o desvio de recursos do FGTS. A Polícia Federal passou a investigar depósitos supostamente ilegais feitos pelo ex-ministro no exterior.

Quando a denúncia se tornou pública, a imprensa começou a veicular a versão de que Collor teria sabido da existência da gravação pouco mais de um mês antes da demissão. O presidente teria afastado Magri para tentar evitar a eclosão de mais um escândalo dentro do seu governo.

O ministro, contudo, já estava desprestigiado por outras razões. Sua passagem pelo cargo foi marcada por uma gestão ruinosa tanto para o governo como para os trabalhadores, com perdas de receitas para Previdência e decisões que afetariam a pensão dos aposentados. Acumulou o salário de ministro com o de servidor da Eletropaulo, na época estatal de distribuição de energia do Estado de São Paulo.

Produziu frases que se tornaram folclóricas, como a de que o Plano Collor era “imexível”. Em outra oportunidade, tentando justificar o transporte de um cão da família em carro oficial, disse que “cachorro também é ser humano”.