1937 novembro

Jorra petróleo do solo brasileiro!

Pequenos leitores de Monteiro Lobato ficam sabendo antes de todo mundo

Monteiro Lobato acaba de lançar ”O Poço do Visconde”, mais uma aventura dos moradores do Sítio do Picapau Amarelo. Desta vez, Pedrinho, Narizinho, Emília, o Visconde e seus amigos descobrem petróleo no próprio sítio, no Caraminguá nº 1, o primeiro poço a jorrar ouro negro no país.

Tudo começou com uma exclamação do neto de Dona Benta: “Bolas! Todos os dias os jornais falam em petróleo e nada de o petróleo aparecer. Estou vendo que, se nós aqui no sítio não resolvermos o problema, o Brasil ficará toda a vida sem petróleo”. Assim a aventura começava. O Visconde foi estudar geologia e deu aos pequenos leitores uma boa lição sobre as riquezas do subsolo.

Mas, como disse o rinoceronte Quindim, é preciso cuidado com os chamados especialistas: “Pode ser um agente dos tais trustes que não querem que o Brasil tenha petróleo”. E completa: “No negócio do petróleo dão-se traições tremendas, sabotagens, incêndios, mortes trágicas...”.

Em agosto de 1936, Monteiro Lobato havia lançado “O Escândalo do Petróleo”, livro para adultos. A obra fez tanto sucesso que teve três edições só no mês do lançamento, uma quarta em outubro e várias outras até ser proibido pela ditadura de Vargas. Com “O Poço do Visconde”, Lobato conquistou mais adeptos para sua causa. Afinal, como afirmava na introdução da sua obra adulta: “Esse produto é o sangue da terra, é a alma da indústria moderna, é a eficiência do poder militar, é a soberania, é a dominação. Tê-lo é ter o sésamo abridor de todas as portas. Não tê-lo é ser escravo. Daí a fúria moderna na luta pelo petróleo”.

Em 1939, seria encontrado petróleo numa área bem próxima a Salvador que, por coincidência, chama-se Lobato — hoje um bairro da capital baiana. Embora a produção fosse insuficiente para a exploração comercial, a descoberta teve grande impacto no país.