1949 1º de outubro

Comunistas tomam o poder na China

Mao Tse-tung derrota nacionalistas com estratégia de guerra popular prolongada

O líder comunista Mao Tse-tung proclama a criação da República Popular da China, após derrotar pelas armas Chiang Kai-shek, líder do Kuomintang (partido nacionalista).

Esse foi o desfecho de uma luta entre o Partido Comunista Chinês (PCC) e o Kuomintang, que vinha desde 1928. Uma vez no poder, Mao nacionalizaria os principais meios de produção e realizaria uma ampla reforma agrária, oficializando o Partido Comunista Chinês como dirigente do país.

O PCC e o Kuomintang de Sun Yat-sen — líder nacionalista que também simpatizava com a União Soviética — chegaram a lutar juntos na guerra civil que, entre 1921 e 1925, unificou o país, ao derrotarem os Senhores do Norte.

Depois da morte de Sun Yat-sen, assumiu o Kuomintang o anticomunista Chiang Kai-shek, que, em 1928, ordenou o massacre de comunistas em Xangai e outras cidades. O PCC se refugiou no campo, iniciando uma guerra de guerrilhas.

Essa luta foi interrompida em 1937, quando tropas japonesas invadiram a China, e retomada em 1945, quando elas foram expulsas. Quatro anos depois, a “guerra popular prolongada” de Mao seria enfim vitoriosa.

A estratégia chinesa inspiraria mais tarde outros partidos e grupos do Terceiro Mundo que defendiam a luta armada — contrariando a orientação soviética de empregar meios pacíficos para chegar ao poder.

No Brasil, o novo Partido Comunista do Brasil — reorganizado em 1962 e adotando a sigla PCdoB — enviaria, a partir de 1964, militantes à China para treinamento militar. Eles integrariam um comando guerrilheiro, formado a partir de 1967 na região do rio Araguaia, dizimado pelos militares em 1973.

Depois da vitória em 1949, a China foi reorganizada, tendo inicialmente como parâmetro a União Soviética, com quem Mao Tse-tung romperia em 1958.

Depois disso, o processo de coletivização das terras se acelerou, e milhões de camponeses foram obrigados a se reunir em “comunas populares”, que congregavam até 20 mil famílias cada uma.

Fora dos grandes centros urbanos, como Xangai, Pequim e Cantão, o país era economicamente defasado. O governo de Mao, embora ditatorial, legitimou-se socialmente graças ao reconhecimento da população pelos ganhos materiais e simbólicos conquistados.

Com a morte de Mao Tse-tung, em 1976, a China seria considerada uma “terceira via” no cenário econômico da Guerra Fria, com o chamado socialismo de mercado — configuração política fechada mas com uma economia aberta ao capitalismo. E Mao seguiria amado e venerado por amplas parcelas da população.