1932 9 de julho

SP pega em armas contra governo federal

Sublevação tem apoio das elites, força pública e classe média. Interventor adere

“Neste momento, assumimos as supremas responsabilidades do comando das forças revolucionárias, empenhadas na luta pela imediata constitucionalização do país”. Assim começa o comunicado ao povo paulista, assinado conjuntamente pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo coronel Euclides Figueiredo, informando sobre o rompimento com o governo de Getúlio Vargas.

Dentro do estado, o apoio das tropas militares federais, da força pública e das elites econômicas e políticas foi total. O interventor Pedro de Toledo aderiu à rebelião, renunciando ao cargo. Em seguida, foi aclamado governador.

Em editorial publicado na primeira página, o “Diario Nacional”, órgão oficial do Partido Democrático (que desde janeiro se aliara ao Partido Republicano Paulista, de Washington Luís), acusou Getúlio de ter traído a Revolução de 1930: “A opinião pública desejava certificar-se que a ditadura deixava de ser esquerdista, para voltar à finalidade que determinara o movimento de outubro. Tratava-se de um último esforço, para furtar-se o país de uma nova convulsão. Tudo foi inútil, contra a obstinação do ditador e dos ditatoriais: a boa vontade, a cordura, o desprendimento, o espírito de transigência das frentes únicas”.

No dia seguinte, a capital paulista comemorou com festa a posse de Pedro de Toledo, que confirmou a manutenção de toda a atual administração e lançou um manifesto ao povo brasileiro em que afirmava: “São Paulo não tem outra aspiração senão a ordem legal, a paz, o trabalho, dentro da grande pátria brasileira, una e indivisível, governada pelo voto livre de todos os brasileiros. […] Não se trata de um movimento separatista, como caluniosamente propalam, e São Paulo jamais cogitou de quebrar a integridade nacional. Está de pé pelo Brasil unido e com o Brasil”.

Na capital paulista, principalmente na classe média, o clima era de entusiasmo. Nas escolas superiores e em vários pontos da cidade, era grande o número de voluntários se alistando para uma guerra civil. Já os trabalhadores urbanos, beneficiados com os decretos de Vargas que regulamentaram a jornada de trabalho e o trabalho da mulher e do menor, não apoiaram o movimento.

Os jornais e as rádios paulistas noticiavam incessantemente que as tropas paulistas avançavam, que estariam perto da divisa com o estado do Rio de Janeiro. Informavam equivocadamente que Minas e Rio Grande do Sul haviam aderido à sublevação, e que as tropas do general Bertoldo Klinger vinham de Mato Grosso para se unir aos rebeldes em São Paulo.

Getúlio sabia da gravidade da crise. Por isso mesmo, nos dias anteriores, agira em duas frentes. Na política, reconquistara o apoio dos governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul e mantivera a fidelidade dos demais interventores. Ao mesmo tempo, organizara a área militar. O comando das operações militares foi entregue ao general Góis Monteiro, e a Marinha já havia cercado o porto de Santos.

A hora do enfrentamento chegara.