1934 20 de julho

Getúlio é agora presidente constitucional

Ex-chefe do Governo Provisório define as novas metas: sanear, educar e povoar

Após chefiar por três anos e oito meses o Governo Provisório, Getúlio Vargas toma posse como presidente constitucional do Brasil para um mandato de quatro anos. Na cerimônia de posse, faz um balanço de seu governo e conclui que “a ditadura foi uma escola de administração pública”.

Ao falar dos planos futuros para este país de 37 milhões de habitantes, em sua maioria analfabetos e moradores do campo, Getúlio afirmou que “o problema do Brasil exige solução brasileira” e enumerou três prioridades, agora que “a revolução integrou o país nas concepções do Estado moderno”: sanear, educar e povoar.

Sobre sanear, definiu: “Drenar os pântanos, canalizar as águas para as zonas áridas, transformando-as em celeiros fecundos, é conquistar a terra. Combater as verminoses, as endemias, as condições precárias de higiene é criar o cidadão capaz e consciente”.

O presidente continuou o discurso falando sobre educação e trabalho: “A escola, no Brasil, terá que produzir homens práticos, profissionais seguros, cientes dos seus variados misteres. Ao lado das universidades de ensino superior, destinadas à formação das elites, faz-se necessário fundar a Universidade do Trabalho. Daí sairá, no futuro, a legião dos nossos operários, dos nossos agricultores, dos nossos criadores, em suma, a legião dos obreiros dos campos e das fábricas”.

Por fim, disse o que pensa sobre povoar: “Povoar é ligar os nódulos da nossa população ganglionar, esparsa em núcleos alongados pelo interior do país. E, para uni-los, para tirar-lhes a fisionomia gregária, devemos abrir, para todos, vias de comunicação”.

Por 175 votos (contra 59 do gaúcho Borges de Medeiros, aliado dos paulistas), a Assembleia Constituinte, no dia 17, elegera Getúlio Vargas presidente da República, para um mandato previsto até 3 de maio de 1938.